autonomia e autogestão
façamos por nós mesmas
antimachismo antipatriarcado
antisexismo
horizontalidade
antilesbofobia
antitransfobia e anticistema
antiracismo
cuidada-mútua
apóio-mútuo
anticapitalismo
anti-estado e seus aparatos repressivos
antifascismo
antigordofobia
antiespecismo
organização entre mulheres
lésbicas e trans
antietarismo
Pra gente, a autonomia e a autogestão sem hierarquias proporciona um modo de existência verdadeiramente livre, que é construído e vivenciado por todes. Nenhuma voz pode ser transmitida, por isso ninguém nos representa.

Como um movimento autônomo, nós não nos vinculamos a nenhum partido, a nenhuma empresa, a nenhuma instituição do Estado, a nenhum sindicato e a nenhuma organização representativa. Não nos vinculamos ao sistema.
Quando a gente constrói com nossas próprias mãos, pela autogestão, toda a nossa energia é voltada pra somar na força coletiva e na resistência. E com autonomia, nossas práticas podem ser ainda mais poderosas! É por isso que adotamos a filosofia “façamos por nós mesmes” como uma forma de dar vasão aos nossos desejos criativos, de romper com o ciclo do consumo e com a política dinossaura e de criar um espaço pessoal e intimista. Nós por nós!
Existem vários sistema de poder que organizam as relações entre as pessoas na nossa sociedade. O racismo, o machismo, a heterossexualidade, o capitalismo e vários outros. Nossa Antifest se posiciona contra as hierarquias entre os sexos-gêneros! A violência que surge a partir das diferenças criadas entre “homens” e “mulheres” está em todos os níveis, desde por exemplo o abuso e exploração sexual, violência doméstica, assédio, violência policial e institucional, feminicídio, diferença salarial… Isso tudo dificulta e impede que mulheres e outras vivências de gênero que fogem das normas consigam de desenvolver de forma autônoma e empoderada. Seja no espaço doméstico, comunitário ou frente ao Estado as mulheres se defendem e resistem juntas por uma vida livre de violência!

No espaço da Antifest estamos propondo uma vivência de “micropolítica”, que significa uma transformação ao nível das relações íntimas e próximas de nós (inclusive consigo mesma!). Nesse sentido, nos preocupamos com a mudança social no dia a dia, nas nossas vidas e relações, aqui e agora. Queremos construir espaços para conversarmos sobre as regulações e normas (hetero)sexuais, machistas e preconceituosas, na tentativa de subverter e mudar esses padrões. Queremos escapar da lógica quadradinha e criar novos formatos de desejo e de construção de si.
A Antifest é um SUSPIRIN FEMINISTA em meio a esse mundo tão hostil para nós.

É sobre estar cazmigas, construir nós mesmas espaços seguros, longe da violência machista. Cansadas e desinteressadas de espaços políticos mistos sempre protagonizados por homens cis, percebemos que os espaços específicos para trans, lésbicas e mulheres são mais delícia, felizes, acolhedores, seguros, interessantes e revolucionários.

Não tem terror, não tem caô. Sabemos que estes espaços não estão livres de conflitos e tretas, por isso, juntes queremos construir um ambiente de cuidada com todes, sem omitir as possíveis violências que surgirem, sejam por meio de atitudes racistas, lesbofóbicas, transfóbicas, classistas, capacitistas, gordofóbicas ou especistas.

Para nós o separatismo feminista é se distanciar progressivamente das estruturas do patriarcado, pensando o mundo desde a nossa perspectiva e nossa experiência, através do nosso corpo. Pois é desde as corporalidades desafiadoras do heterocapitalismo que se pode encarnar as transformações e microrevoluções feministas.

Para garantir um suspirin para nós, o antifest será livre de homens cis, com espaços específicos para as migues que entenderem importante a auto-organização e é bem-vinda a presença de crianças!
Apoia e cuidada mútua traz a idéia de empatia com todxs aquelxs que escapam a um ideal social opressor do que é ser humano, traduzido na imagem de homem, branco, capacitado, classe média, heterossexual e cis. Essa empatia é o sentimento de se perceber como sendo assinaladx socialmente como não-dignx de respeito, devido a esta mesma matriz de opressao, que legitima diversas violencias fisicas, simbolicas, psicologicas, materiais. Apoia e cuidada é o ato de se solidarizar com xs sobreviventes dessas opressoes, é estratégia de auto protecao e protecao coletiva,é atitude de escuta, compartilhar alegrias e vitorias, e cuidado nos momentos dificuldades. Apoio nos enfretamentos e lutas.
É estar junta na construcao de um mundo no qual nao exista essa matriz de opressao.
Queremos enfatizar que a atitude de cuidada parte de um principio de solidariedade e afinidade entre pessoas subalternizadas por matrizes articuladas de opressao. É preciso que ela se estenda além das dificuldades interpessoais e divergencias politico-ideologicas.
Devemos ser solidarias a todxs as irmãs, cis e trans, e irmxs trans*. Sororidade e cuidada para se fortalecer enquanto classe politica. Importante frisar que a sororidade nao deve ser utilizada como desculpa para se omitir diante de atitudes racistas, lesbofóbicas, especistas, transfóbicas, classistas, capacitistas, machistas, gordofóbicas; mas sim trabalhar e visibilizar os privilegios de cada uma desde perspectivas feministas e interseccionais.



Nós, lésbicas, sapas, sapatas revolucionárias, sapatonas 44, sapatões, sapatinhas, fanchas pocheteiras, femmes furiosas, caminhoneiras, bolachas, bolachonas, bofinhes, ladies boladas, sapatrans, translésbicas, butchs fatales, lesbianas, coladoras de velcro e dykes (on bikes), com nossas corpas e desejas rebeldes desobedecemos e destruimos cotidianamente o regime político da heterossexualidade e o binarismo de gênero que não só criam e estimulam e naturalizam a competitividade entre mulheres, como também tentam controlar, normalizar e oprimir nossas sexualidades, práticas e vivências. Lutamos contra a lesbofobia seja ela em em nossas casas, escolas, trabalhos, nos espaços de lazer, nas prisões, na mídia e demais meios de comunicação, nas ruas, e também nos espaços que propôem enquanto libertários e em todos os outros que seguem (re)produzindo esquemas opressores, machistas e lesbofóbicos.

A violência e invisibilidade vinda da lesbofobia acontece de diversas maneiras, por atos e falas que negam, desvalorizam e deslegitimam nossa existência, através de olhares repressivos, insultos, estupros corretivos, expulsão das casas, patologização de experiências e corpos (cuerpas), agressões físicas, verbais e psicológicas. Atropelando com nossos caminhões os armários da heteronorma, reivindicamos a autonomia sexo-afetiva, política, econômica que nos é negada pela sociedade heteropatriarcal capitalista branca e cisgênera.

Desejamos a todas sapatonas vida longa! Juntas na Revolução das Sapatão!

Por isso, gritamos::

Justiça para Luana Barbosa!
Justiça para Katiane Campos!

Chega de racismo e lesbofobia institucional!
Basta de feminicídio e estupros corretivos!
Entendemos a gordofobia como sendo a rejeição, sutil ou explícita, aos corpos gordos, principalmente de mulheres cis e trans. Vivemos em uma cultura heterocapitalista e patriarcal que incentiva a busca por corporalidades e padrões de beleza inalcançáveis em que o corpo magro é o único aceitável. Claro que, na maioria das vezes, isso não é dito explicitamente. Mas a gente percebe que acontece quando na mídia só tem gente magra, nos filmes e novelas as personagens principais são todas magras e, quando são gordas, isso sempre é uma piada ou um impedimento na vida daquela personagem. As empresas todas usam o “sonho da magreza” para vender seus produtos e pessoas gordas são usadas pra representar um estilo ruim, pouco saudável ou desleixado de vida.

Gordofobia é pensar, e muitas vezes falar, que uma pessoa gorda não pode ser saudável mesmo que essa pessoa não tenha doença alguma. E achar que se uma pessoa gorda está doente a primeira solução sempre é emagrecer. É se surpreender muito ao ver pessoas gordas dançando, praticando esportes, tendo uma alimentação vegetariana/vegana, usando roupas chamativas e curtas. É avaliar a pessoa o tempo todo pelo peso dela e comentar sobre isso. É associar a pessoa gorda à comida ou preguiça sempre. É ter muito medo de engordar. É considerar “gorda” uma palavra ofensiva. É não se interessar afetivamente por nenhuma pessoa gorda, nunca. É achar que se uma pessoa gorda está sozinha, isso é culpa dela, que não se solta. Gordofobia são muitas coisas que pessoas não gordas quase nunca param pra pensar porque não enxergam e que pessoas gordas muitas vezes não sabem dar nome ou tem vergonha de falar sobre.

PRIVILÉGIO MAGRO é não ter que se preocupar com as violências gordofóbicas ou sequer reconhecê-las. É ver seu corpo representado positivamente na sociedade, é poder existir sem pedir desculpa pelo seu corpo/peso e sem se justificar. Pessoas gordas convivem todo o tempo com o fato de outras pessoas vê-las como monstruosidades. Até coisas simples como passar na catraca do ônibus ou comprar roupas podem tornar-se situações traumáticas. As coisas (assentos, catracas, roupas, etc) não estão projetadas pra o uso de pessoas com outras corporalidades que não seja a magra. E junto a gordofobia podem somar-se muitas outras opressões, como o racismo, a lesbofobia, o classismo, o que acaba gerando mais e mais solidão. E isso não é restrito a espaços não feministas, acontece em TODOS os espaços incluindo os “libertários”. Acontece entre amigas, entre amantes. E muito pouco se fala sobre isso. É papel do feminismo lutar contra esse discurso de ódio disfarçado de preocupação com o bem-estar! Vamos cuidar umas das outras, lutamos contra a imposição de padrões!
O capitalismo é um sistema socioeconômico que explora e objetifica as pessoas, animais e meio ambiente manipulando e determinando as relacoes, afetos e desejos em função dos seus interesses. O capitalismo se fundamenta na ideologia cis-hetero-patriarcal-racista que cria a ilusão de que todos são iguais e livres para competir, mas, na verdade, apenas proporciona efetivas vantagens aos que já controlam o capital (intelectual, monetário e cultural) afetando principalmente xs corpxs que não se encaixam neste modelo. Sendo assim, reconhecemos o capitalismo como uma máquina produtora de opressões.

Lutamos para o fortalecimento da nossa autonomia e da nossa presença como sujeitas políticas na construção de novos modelos de organização social e econômica, bem como uma nova dinâmica de relações afetivas sustentáveis e livres.

Chega de divisão sexual do trabalho, de subvalorização do trabalho feminino, de vender e massificar ideais chatos, exclusivos e opressivos de beleza e comportamento; de negar a diversidade e de discriminar lésbicas, pessoas trans, travestis e mulheres.
Especismo é a idéia de que os animais humanos são superiores aos animais não-humanos e por isso podem escravizar, explorar, domesticar, matar e comercializar seus corpos. O homem se apropria da natureza de maneira indiscriminada comercializando corpos vivos e mortos dos animais para produção de alimentos, produtos e medicamentos.

A monocultura, pecuária, industria estética, veterinária e farmacêutica causam danos não somente para os animais não-humanos como os humanos também, já que especismo, capitalismo e patriarcado andam juntos. A indústria da carne, lácteos, cosméticos e remédios escondem as práticas de tortura e exploração envolvidas na produção de seus artigos para lucrar em todas as etapas.

O especismo considera os animais não-humanos como corpos dispostos a serem comercializados, retalhados e assassinados com exceção de alguns que são escolhidos como animais domésticos e amigos do humano. Convém muito ao sistema capitalista que alguns animais sejam explorados para consumo e que outros sejam cuidados, dessa maneira os homens seguem exercendo sobre os animais e seus corpos todos os tipos de controle e possibilidades de lucro através de procriação em cativeiro, engenharia genética, medicamentos, testes, alimentação, domesticação, encarceramento e morte.

Consideramos que a construção da subjetividade dada através de relações hierárquicas, violentas e que desconsideram e desrespeitam a autodeterminação de outros seres sencientes perpetua esses padrões de atuação e forma de ser no mundo, por isso não acreditamos que seja possível construir relações igualitárias enquanto se mantém a escravização, a exploração e o genocídio de outros seres. Ou seja, para nós é indissociável a libertação animal e humana, a revolução feminista e vegana.
“Há um genocídio direcionado a cor da pele” (nívea sabino)
Camponesas, indígenas e quilombolas são perseguidos no campo; na cidade, a população pobre, favelada, a juventude negra, travestis são brutalizadas pela polícia militarizada. O Estado e suas forças repressivas existem no Brasil como um meio de dominação, racismo, neocolonialismo e genocídio . Ao longo da nossa história, a violência armada do Estado, polícia dos donos das propriedades, foi utilizada para reprimir e assassinar pessoas organizadas em busca de justiça e transformação social e para controle e extermínio de população negra e indígena.
Seja no sistema judiciário, legislativo ou executivo ainda é, em sua maioria, formado por homens brancos da elite, que impedem que as necessidades, experiências e discursos de mulheres, lésbicas, trans, pretas, indígenas sejam considerados ou reconhecidos.
Há formas e formas de genocídio e silenciamento pelo Estado, seja pela violência policial, pelo encarceramento, violencia obstetrica, aborto inseguro, esterilização forçada, principalmente direcionada a mulheres negras; pelo falta de acesso a saúde, pela desvalorização dos saberes tradicionais, pela perda da soberania alimentar, pela falta da terra e moradia, pela precarização do trabalho!
Por isso fazemos a ação direta e auto defesa feminista contra o Estado! Não esqueceremos Claudia da Silva Ferreira, não esqueceremos Luana Barbosa dos Reis Santos. A todas resistentes a mortes e chacinas! Fora PM assassina!
Fascismo é um jeito de organização que tem como principal característica a vontade de apagar e destruir tudo o que é diferente e que não segue às normas. Os grupos que possuem esse modo de pensar atuam no sentido de mobilizar uns aos outros a se voltarem contra as pessoas historicamente oprimidas (por exemplo, pessoas pretas, pobres, gays, travestis...).

O fascismo, porém, não acontece somente numa grande estrutura como o governo ou Estado, mas está de alguma forma dentro de todas nós. Esse tipo de ideologia escapa de nosso controle uma vez que o “poder” pode ser fascinante e guiar muitas de nossas ações.
Na Antifest propomos um espaço que possamos conversar, acolher, produzir e incentivar as diferenças. Somos contra o fascismo por acreditarmos que a mudança e o bem-viver só possa existir em espaços que a convivência seja partilhada com sinceridade, carinho e diálogo horizontal.

Queremos liberdade, diversidade, pluralidade: a Antifest Suspirin é antifascista!
A Suspirin Feminista é um espaco que não aceita hierarquias. A gente acredita que em uma organização coletiva - e no mundo, não devem existir pessoas em posições superiores a outras. Assim, todas as pessoas podem se expressar livremente e todas as contribuições tem a mesma importância.

Para garantir isso, procuramos sempre conversar sobre os nossos privilégios, porque assim a gente evita que as relações de poder que rolam entre nós provoquem algum close errado e alguém acabe passando por cima de alguma coleguinha. E é nessa vibe também que apostamos no diálogo pra resolver as tretas.
O Suspirin só funciona se for feito pela colaboração horizontal de todas as pessoas do rolê. Pela ampla participação de geral com o que puderem e quiserem! Aqui não tem caô. É tudo nosso.
O “etarismo” é a ideia que as pessoas adultas sabem mais e tem responsabilidades maiores que as crianças, adolescentes, jovens e pessoas idosas. Por isso, cria julgamentos sobre estilos de vida, personalidades e habilidades das pessoas, tendo como parâmetro somente “ser adulto”, assim desvaloriza as histórias, desejos e necessidades de pessoas que estão em outros momentos de vida. Numa proposta horizontal, como é a da Antifest, todas as pessoas podem contribuir igualmente para a construção do rolê e de um mundo menos bad.

Acreditamos que algumas formas de feminismo e outros movimentos sociais desconsideram as contribuições trazidas por pessoas de determinadas faixas etárias, desqualificam sua trajetória ou tempo de militância, invisibilizando diversas expressões de resistência.

Numa proposta horizontal, como é a da Antifest, todas as pessoas podem contribuir igualmente para a construção do rolê e de um mundo menos bad.
anticopa
A Copa do Mundo e as Olimpíadas lucram, despejam, higienizam, militarizam, exploram e precarizam a vida das pessoas nas cidades. Estes megaeventos capitalistas estão deixando no Brasil um trágico legado com uma cidade modificada, cara e militarizada. Exemplos disso são as remoções de famílias e comunidades de suas casas; aumento da violência policial e do Estado, com guerra declarada às favelas e a população negra e pobre; novas formas de criminalização e repressão das manifestações de rua; além de precarização do trabalho e diversos impactos ambientais. Seremos sempre anticopa!

Até porque, não é possível falar dos megaeventos sem discutir a exploração e o turismo sexual; falar dos despejos, da marginalização e da perseguição às ocupações urbanas sem lembrar que elas são formadas majoritariamente por mulheres, resistentes, e por crianças que estão sendo privadas de seus direitos à educação e saúde. Também não é possível falar da repressão policial sem discutir seu terrorismo misógino, racista e lesbitransfóbico. Resistiremos ao capitalismo masculinista racista militarizado!

A copa do mundo aqui no Brasil
Domina a bola na ponta do fuzil
Máquina de guerra pacifica a favela
Mata preto, pobre, sufocando a sua goela
Expulsa os índios, vão roubando as suas terras
Constrói o estádio onde o capital prospera
Aumenta os lucros, vai crescendo a miséria
Contra a copa fascista nós declaramos a Guerra
(Anarcofunk, RJ)
Cissexismo é a ideia de que mulheres têm vagina e homens têm pênis e que existem apenas dois gêneros, duas únicas possibilidades definidas ao nascer única e exclusivamente pelo genital aparente. O cisgenero marginaliza todas as pessoas trans (binárias e não-binárias), uma vez que essas pessoas não se enquadram na ideia central imposta pelo sistema cissexista. Potenciais desviantes da norma são violentados com misoginia, lesbofobia e transfobia em todos os locais de vivência. A pressão constante para que pessoas trans neguemos esta identificação e afirmemos a realidade que foi designada no nosso nascimento é constante. Isto é um policiamento de gênero, ou seja é uma violência de gênero imposta sobre nós. E toda transmisoginia no feminismo é uma tendência patriarcal. Como feministas, precisamos nos debruçar sobre a realidade material. E a realidade material é que as pessoas trans estão extremamente marginalizadas pelo sistema patriarcal.

Defendemos: a despatologização de todas as identidades trans e travestis, com garantia de acesso a saúde e acessoria jurídica para retificação de documentos; a formação de redes de apoio entre pessoas trans para garantir informação e autonomia; a eliminação da normalização binária dos protocolos médicos e demais serviços de cuidado e saúde.
Combatemos todas as formas de machismo, sexismo, homofobia, lesbofobia, transfobia, na escola, família, espaços institucionais, cadeias e no trabalho.
A carne mais barata do mercado é a negra. A carne mais marcada pelo Estado é a negra. O racismo é um sistema de opressão institucionalizado que atua junto à violência heteropatriarcal capitalista e desumaniza as mulheres negras com doses cruéis e letais de misoginia. A hipersexualização de nossos corpos faz com que estejamos no topo dos índices de assédio e estupro, violência que é banalizada e relativizada pela noção de que a mulher negra é um mero instrumento de realização dos desejos sexuais dos senhores brancos escravocratas. Maioria pobre, nós mulheres negras estamos subjulgadas a postos de trabalhos que remetem à escravidão.
O padrão europeizado de beleza branca esmaga a autoestima daquelas que se vêem obrigadas a passar por um processo de embraquecimento para devida aceitação no mundo. Alisamento do cabelo crespo, plásticas que alteram seus fenótipos negros e produtos que afirmam de forma clara o objetivo de embranquecimento da pele são alguns dos mecanismos que deslegitimam nossa identidade e nossa cor. Nós, as pretas, resistimos e estamos em luta para manter nossos laços culturais com a ancestralidade sistematicamente deslegitimada pela cultura cristã que demoniza as religiões africanas e persegue suas praticantes.
A luta antiracista está em constante diálogo com o feminismo e possui particularidades dentro da luta das mulheres que devem ser respeitadas. Em espaços feministas, muitas vezes a questão racial é deixada em segundo plano pela maioria branca que não considera que as pautas das mulheres negras devem ser discutidas e articuladas neste âmbito. A história oficial do feminismo é, na maioria das vezes, contada a partir de uma perspectiva que não considera a nossa luta como protagonista. O Antifest Suspirin é um espaço antiracista de discussão permanente que propõe o empoderamento e respeita o protagonismo das mulheres negras!
anti criminalização do aborto e pela autonomia dos corpos
A cada nove minutos uma de nós morre. Morre por já ter havido abandono do pai, pela condenação das igrejas, por não ter assistência dos serviços públicos, pela falta de cuidado e repouso. Morre por um aborto inseguro.

Proibir o aborto não é pela defesa da vida, mas sim para controle dos corpos e das vidas das pessoas que engravidam, reforçando a ideia que a maternidade é um destino, não uma escolha. Proibir não impede que o aborto aconteça, pois muitas seguem fazendo, em condições precárias e perigosas, correndo risco de ter danos que podem interferir no aparelho reprodutivo, causando grande sofrimento físico e psicológico, ou mesmo perdendo a vida.

Muitas se colocam em risco por não terem condições de buscar uma clínica clandestina (que lucra com a prática), por isso a maioria das afetadas por tentativas precárias de interrupção da gestação, são mulheres pobres e negras. Compreendemos que mulheres de todas classes sociais, etnias, diferentes idades e religiões abortam, mas pobres e negras estão mais expostas a complicações por estarem mais vulneráveis por não poderem pagar por um aborto seguro.

Para a prática do aborto é necessário todo amparo, pois não é sobre experiências individuais e sim sobre saúde pública! É política acompanhada de educação sexual e reprodutiva, serviços de planejamento familiar e acesso fácil a meios contraceptivos eficazes. A questão do aborto não se refere somente a uma escolha relativa a educação sexual e reprodutiva mas também é um assunto de segurança e ações relacionadas a violência contra a mulher e a pedofilia.

Lutamos pela descriminalização do aborto, que nenhuma seja condenada por escolher sobre o próprio corpo!
anti-agronegócio
O agronegócio é um sistema de produção ligado ao grande capital agroindustrial que visa grandes lucros e com suas práticas desvaloriza e devasta comunidades camponesas, indígenas e quilombolas, suas tradições, o meio ambiente equilibrado e o uso de sementes crioulas, que guardam toda a biodiversidade e riqueza dos alimentos que a natureza sempre produziu. Precisamos eurgentemente de uma transformação do sistema agrícola atual para a agroecologia. Somente assim teremos alimentos e produtos que respeitam os povos, as tradições, a agricultura familiar, a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, a vida e o planeta terra.

Baseado em monoculturas, pouca mão de obra, mecanização intensiva e longos caminhos de comercialização, suas atividades se utilizam de grandes quantidades de agrotóxicos, sementes transgênicas, combustíveis fósseis e recursos naturais de forma insustentável, sendo incapaz de garantir a segurança e soberania alimentar, gerando padronização na produção de alimentos e grande perda na diversidade.

Suas práticas retiram do campo as pessoas agricultoras, não valorizam xs pequenxs agricultorxs, assentamentos rurais e a agricultura familiar. Além disso, financiam e justificam guerras, acabam com o solo, a água e as florestas. Hoje o Brasil se tornou campeão mundial no uso dos agrotóxicos e vem sendo um dos principais destinos dos produtos banidos em outros países. No sistema produtivo do agrobusiness, derruba-se a floresta, usa-se fertilizantes e adubos químicos, deixa-se o solo arado e sem proteção para jogar as sementes transgênicas, resultando em um solo morto.

Precisamos urgentemente de uma transformação do sistema agrícola atual para a agroecologia, somente assim teremos alimentos e produtos que respeitam os povos, as tradições, a agricultura familiar, a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas, a vida e o planeta terra.
antiprisional
A violência é a natureza do Estado, feita pela repressão, pela tortura, pelo encarceramento. A polícia mata preta e pobre todo dia. O cárcere tornou-se uma indústria para controlar, punir, desumanizar, marcar as pessoas indesejadas e improdutivas ao sistema. Numa combinação de racismo e lucro , usa-se vigilância e prisão como soluções para problemas econômicos, sociais e políticos.
A maioria das pessoas presas são negras e de baixa renda, tem baixa escolaridade e são incriminadas por situações ligadas ao tráfico e dano ao patrimônio. O encarceramento feminino cresceu assustadoramente nos últimos anos, alimentando ainda mais a lógica racista e lucrativa da prisão
A prisão, vendida como ideia de combate a violência e insegurança,
na verdade contribui para a guerra às drogas instalada nas cidades, para perseguição do povo preto.
O encarceramento também é uma forma de genocídio!
antimanicomial
anticlassismo
anti genocídio da população indígena